Enquanto a região Norte apresentou queda de 10,22% nos casos de feminicídio, o Amazonas foi na direção contrária e registrou aumento de 30,43%, segundo o Mapa de Segurança Pública do governo federal. Em 2023 foram 23 morte contra 30 de 2024. Nos casos de estupro, o estado também está no topo, com o segundo maior crescimento do país.
O Brasil registrou 1.449 feminicídios em 2023 e 1.459 em 2024, um aumento de 0,69%. Na prática, são cerca de quatro mulheres assassinadas por dia. O avanço dos casos foi puxado pelas regiões Nordeste (alta de 1,49%), Sudeste (1,92%) e Sul (4,04%). Apenas duas das cinco regiões do país apresentaram queda: o Norte, com redução de 10,22%, e o Centro-Oeste, com queda de 0,61%.
No Amazonas, o município que mais registrou assassinatos de mulheres foi Manaus, com 16. A capital ocupa a terceira posição no ranking, ficando atrás somente do de São Paulo e Rio de Janeiro, ambos com 51 mortes.
Em números de estupro, o país registrou 82.204 casos em 2023 e 83.114 em 2024, aumento de 1,11%. Isso representa 227 estupros por dia. Desses casos, 86% são contra pessoas do gênero feminino.
A região norte registrou aumento de 4,60% do casos de estupro. Em números absolutos, o Amazonas registrou 1.086 em 2023 e 1.552 em 2024, um aumento de 42,91% de vítimas. No ranking geral, o estado ficou atrás apenas da Paraíba, que teve aumento de 100%.
A deputada estadual e procuradora da mulher na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Alessandra Campelo, lamentou os dados durante a sessão plenária de quinta-feira.
“Embora tenha tido uma redução no número de assassinatos, de 5,5% no país, o número de feminicídio voltou a crescer. Então essa pandemia de agressão contra as mulheres só cresce no mundo inteiro e em todo o país. E aqui no Amazonas não é diferente, o estado apresenta um dos piores dados. Nós tivemos um aumento das vítimas de estupro significativo. É claro que isso decorre também do aumento de notificações, mas em números absolutos teve sim um crescimento”, criticou.
Campelo alertou para o crescimento de estupro de mulheres. Ela também pediu cuidado com as crianças, que no cenário nacional, também são vítimas.
“A maioria das vítimas são mulheres e parte dessas vítimas, são crianças, que não tem a quem recorrer, sequer sabem que estão sendo estupradas. Teve um aumento significativo e isso pede uma mudança estrutural na nossa cidade. O machismo, a misoginia, está estruturado na nossa sociedade. Só isso explica um aumento tão grande de violência contra a mulher”.
A ativista Socorro Prado afirmou que as mulheres se encontram em um espaço delicado da sociedade e que merecem ter o direito à vida igual aos homens.
“São muitas mulheres que vivem em situação de opressão, de violência e que chegam nesse patamar aí do feminicídio. Nós não estamos conseguindo impedir o feminicídio. Você vê esses dados, nota uma redução na morte de homens, mas o de mulheres continua a subir”, afirmou.
Conscientização
A ativista disse que uma das medidas práticas a serem feita são as palestras educativas nas escolas, para evitar que as novas gerações reproduzam o mesmo comportamento.
“Tem que haver mais atuação no combate ao feminicídio, principalmente nas escolas, porque na juventude, ela está crescendo já com um machismo muito forte. Hoje é o dia dos namorados, então nós estamos com uma campanha que diz que controle não é amor, para que as pessoas questionem esse amor romântico que quer controlar as mulheres”, ressaltou Prado.
A ativista cobrou mais medidas punitivas. “O feminicídio é evitável, mas precisa de atenção, de segurança e mais do que isso, de educação. Precisamos de estrutura, de atendimento às mulheres para prevenir. Uma das medidas que vi recentemente foi a tentativa de impedir que os agressores assumam candidatos na política. Aos poucos vamos construindo”, disse.
A CRÍTICA*